Perfil de Revisão


A produção textual constitui um momento para o qual é preciso, de modo intransferível, acolher propostas, reflexões e transpirações, a fim de materializar um discurso pretendido. No instante desta realização, observam-se dúvidas, retrocessos, inquietações, avanços, os quais, certamente, contribuem para um posicionamento vigoroso. Aliás, existe grande preocupação quanto à forma de se manifestar textualmente. Para a grande maioria, é de indissolúvel importância que se preserve a impessoalidade para que, da mesma maneira, seja mantida a integridade do texto perante o seu leitor. Para outros, essa imposição se desfaz por conferirem à subjetividade uma essência latente e inalienável. Se o fito de um texto dissertativo é, exatamente, defender um ponto de vista, então, a pessoalidade marcada e explicitada parece ser bem oportuna. Mesmo porque, dessa maneira, aproxima-se o debate enunciativo e o caráter dialógico adquire consistência, o que contribui, substancialmente, para a efetivação do projeto de discurso pré-concebido: o alcance do interlocutor e a argumentação comprovada.

Atento a essas reflexões, postulo uma revisão textual pautada na premissa de atribuir elegância ao texto, tendo em vista, sempre, suas condições de produção. Assim, é dispensada grande atenção ao trabalho original. Ao mesmo tempo, é preciso considerar aspectos ortográficos, sintáticos e semânticos para a construção da referida elegância. Por essas considerações, exalto, como prioridade para o ofício de revisão, a conciliação dessas duas asserções, ou seja, promover o encontro do trabalho concebido pelo autor com as necessárias adaptações que esse mesmo trabalho requer.

Nos termos descritos, encerro este breve perfil de revisão afirmando a importância de que seja respeitado o limite, por vezes tênue, entre a produção original e a revisão. Em determinados casos, de fato, a interferência é necessária e intransponível, mas, em outros, por se tratar de princípios defendidos pelo revisor, os quais se referem a um ponto de vista, como no caso da discutida subjetividade marcada ou omitida, a revisão deve ceder espaço ao bom senso. Sem mais, por enquanto, reforço, apenas, a ideia de que, sempre, é tempo de revisão.